quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Se for prestar auxilo a alguém

Olhe bem ao redor e certifique-se de que, ao ajudar alguém, você não estará sujeito a ferimentos também. Isso é muito comum em situações nas quais o tráfego está apenas parcialmente bloqueado.

Explique à pessoa ferida o que você fará, antes de fazer.

Se possível, use luvas limpas, para evitar contaminar as duas partes, e proteção para os olhos. Em caso de ter de auxiliar alguém ferido, cheque as funções vitais: consciência, circulação e respiração.

Sabe-se que uma pessoa está inconsciente porque não atende quando se fala com ela,
não tem reflexos nem responde a estímulos, como um aperto de mão ou um beliscão.

Se for comprovado que está inconsciente, coloque-a deitada de lado, para evitar que se engasgue com a língua ou se asfixie com o vômito.

Certifique-se de que a pessoa não se engasgará com chicletes, balas, dentaduras ou qualquer outro objeto que esteja na boca. Passe o dedo indicador pela língua e gengivas em forma de anzol, caso precise desobstruir a passagem de ar.


Situações Específicas: Em caso de crise de pânico


Respire lentamente pelo nariz, retenha o ar e solte, repetindo mais de uma vez.

Repita para si mesmo: tudo vai ficar bem, os sintomas vão passar, os efeitos são desconfortáveis mas passageiros.

Converse, peça ajuda, afaste-se do foco de tumulto e reavalie a situação.

Situações Específicas: Spray de pimenta ou gás lacrimogênico

Procure afastar-se da área contaminada pela substância o mais rápido possível, mantendo a cabeça alta e sem esfregar o rosto. Fique calmo, concentrado e tente cadenciar a respiração. O pânico, a hiperventilação e a transpiração fazem os poros se abrir e aumentam a irritação da pele. Acalme-se. Saiba que o efeito é passageiro. Tente não sentar ou deitar na área contaminada, já que os gases se concentram em locais mais baixos.

Para limpar os resíduos do gás, vire a cabeça lateralmente, jogue água corrente abundante e deixe-a escorrer do olho para fora, em um olho de cada vez; cuidado para que a água escorra em direção ao chão, e não contamine a pele, roupas ou cabelos. Esta técnica funciona apenas caso exista água corrente e abundante no local. Do contrário, pouca água criará apenas mais irritação.

Assoe o nariz e cuspa, isto ajudará a eliminar os químicos.

Se sua pele tiver sido molhada com spray de pimenta, limpe-a com roupa que não foi contaminada. Se você espalhar o óleo químico pela pele, aumentará a dor.

Para se descontaminar, tome um banho frio e demorado; isso vai manter os poros fechados e evitar que os químicos entrem pela pele.

Coloque as roupas contaminadas numa sacola e tire todo o ar. Depois, deixe a roupa contaminada em local aberto, para arejar; se você entrar em uma sala com roupas, cabelo e pele contaminados por químicos, você irá contaminar toda a sala. Lave-a separadamente de outras roupas não contaminadas, com água e sabão. Se possível, troque de roupa antes de entrar em locais fechados.

Observação: Dias chuvosos ou muito úmidos favorecem a concentração do gás em zonas baixas tornando seus efeitos ainda mais incômodos e persistentes. Procure sempre locais elevados e ventilados.

Situações Específicas: Tiros de Bala de Borracha


Não tente se aproximar, argumentar ou impedir os disparos. Prefira sair do alcance dos tiros o mais rápido possível e de forma segura.

A tendência da polícia é disparar na altura da cintura para baixo, então a orientação é sair do campo de ação, protegendo o rosto com os braços e a lateral do corpo. Não superestime a proteção do colete e do capacete, caso esteja usando, porque as balas provocam ferimentos em qualquer parte do corpo que, dependendo da distância do disparo, podem ser graves. Na primeira oportunidade, procure um abrigo. Não é recomendável deitar ou sentar, porque, neste caso, o rosto ficará no ângulo do disparo.

Cuidados com o corpo


Cabelos: Cubra com boné, capacete, touca ou sacola, se possível à prova d’água. Cabelos compridos devem ser mantidos presos, para evitar maior área de contaminação por gases ou que sejam agarrados e enrosquem em cercas ou pregos.

Pele: Não passe na pele: vaselina, detergente, hidratantes, maquiagem, protetor solar que contém óleo ou qualquer produto ácido que pode provocar reações fortes. A reação aos efeitos químicos dos gases será maior se houver alguma irritação na pele, como acne ou irritações severas. Chuva e suor aumentam a sensação de queimação provocada pelo gás na pele.

Olhos: Não use lentes de contato. Elas retêm o gás lacrimogêneo; caso isso ocorra, a desintoxicação dos materiais deve ser feita com água abundante e corrente. Use bandanas e lenços embebidos em água e toalhas úmidas para diminuir a inalação dos gases e agentes químicos enquanto deixa o local contaminado; não esfregue nada contra o rosto - isso ativa ainda mais os elementos do gás.

Não há comprovação científica de que o vinagre neutraliza os efeitos dos gases. Ele causa apenas uma sensação de alívio momentânea. E como trata-se de um ácido, pode provocar irritação no nariz, boca e garganta. O ideal é usar um pano embebido em água, que serve como um filtro para impedir a passagem do gás, dando tempo para que a equipe abandone o local. Mas lembre-se de que é uma solução improvisada. Existem máscaras à venda no mercado, semelhantes às usadas pelas forças policiais, que oferecem cobertura para os olhos, com filtros. Em linhas gerais, máscaras próprias para trabalhar com amônia funcionam contra o gás lacrimogêneo.

Evite tentar proteger apenas os olhos com máscaras de natação ou de pintor. O ideal é uma máscara para proteção com carvão ativado. Se usá-las, combine com a solução descrita acima para nariz e boca. A máscara de natação cobre apenas os olhos, deixando o nariz descoberto. A pessoa vai começar a lacrimejar, a lente vai embaçar devido ao suor e à tensão, e rapidamente será preciso tirá-la. Máscara de pintor deixa os olhos desprotegidos. Com a sufocação provocada pelos agentes químicos, a tendência é tirá-la rapidamente também. Se a concentração do gás for baixa, o jornalista pode usá-las apenas para ganhar algum tempo até sair da área contaminada.

Pés: Use sapatos confortáveis, com solas antiderrapantes e que permitam correr e caminhar por longos períodos. Existem calçados que garantem uma proteção maior aos dedos; são praticamente
como coturnos, mas com design de tênis, geralmente de couro (usados por profissionais que precisam de segurança no trabalho). Tenha especial cuidado ao circular por áreas onde haja barricadas em chamas, destroços, vidros quebrados e outros materiais que possam varar a sola do tênis.

Equipamentos de Segurança e Proteção

Considere a possibilidade de usar capacete e colete, com identificação de IMPRENSA, de acordo com a análise de risco feita na fase de planejamento. Se você é correspondente estrangeiro e possui seu próprio equipamento, lembre-se que palavras como PRESS e PRENSA podem não fazer sentido para pessoas que não conheçam inglês e espanhol.

Caso a sua empresa não forneça estes equipamentos e você tenha de improvisar, preste atenção nestas orientações:

Roupas: Use roupas confortáveis e de fibra natural.

As roupas impermeáveis ajudam a proteger a pele dos efeitos do gás lacrimogêneo, mas, por outro lado, são inflamáveis em situações nas quais haja uso de material incendiário, como molotovs. Avalie o contexto e tome decisões em função dos fatos.

O mesmo vale para casacos de chuva ou tecidos à prova d’água – lavados com sabão neutro, protegem contra agentes químicos (ao contrário do cotton ou algodão).

Leve uma roupa extra na mochila para trocar, caso seja atingido pelo gás ou água, principalmente em locais de clima frio. A roupa atingida pelo gás fica contaminada, por isso guarde-a numa sacola à parte, de preferência de plástico, bem fechada.

Não use brincos, piercings, colares ou gravatas que possam ser arrancados ou provocar estrangulamento.

Não use roupas de cores semelhantes às de manifestantes ou das forças de segurança.


O que fazer em caso de agressão ou detenção




Se lhe tirarem algum objeto pessoal, incluindo gravações de vídeo ou anotações, demonstre sua inconformidade. Recorde-lhes que é um ato de censura que está proibido pela Constituição, mas não entre em discussões acaloradas, nem toque as pessoas.

Dependendo da situação, não é aconselhável falar nada no momento. Não afronte pessoas em fúria e respeite o espaço de cada um. Observe a linguagem corporal. Pessoas que gesticulam muito necessitam de mais espaço livre a sua volta. O mesmo acontece com pessoas armadas. Aceite insultos e tenha paciência.

Mantenha contato visual quando for interpelado. Caso use óculos escuros, retire-os. Olhe nos olhos do interlocutor, respire fundo e tente impor um ritmo pausado e calmo à sua fala. Evite entrar em troca de acusações ou acelerar o ritmo da discussão. Mostre que você não representa uma ameaça.

Se for preso, faça todos os esforços para manter uma conduta profissional enquanto explica que é um repórter e está informando a população; se mesmo assim for mantida a detenção, cumpra as ordens e espere uma oportunidade para apresentar seu caso com calma diante de uma autoridade superior.
Gravar as conversas pode ser útil nesse momento. Pequenos gravadores ou aplicativos para Smartfones podem ser utilizados com cautela e servir de prova a seu favor futuramente.

Fale sempre a verdade e evite alterações. Mantenha-se calmo e assuma uma postura subserviente. Lembre-se, seu único objetivo nessa hora é sobreviver e sair dessa situação.

Se for vítima de uma detenção ilegal por membros da força pública, informe imediatamente o Ministério Público ou autoridades municipais e as organizações de imprensa, e exija a presença de um delegado.

Se for agredido ou sofrer abuso, anote o número de identificação ou nome do agressor e denuncie junto às autoridades (polícia, Ministério Público, Procuradoria), as organizações de imprensa e aos superiores do agressor.

Caso seja colocado em um carro da polícia, grite seu nome e o nome de seu veículo de comunicação para que a informação sobre sua detenção circule.