sábado, 5 de dezembro de 2015

Quais tipos de fontes são “abertas”?




No mundo contemporâneo, as fontes abertas são praticamente infinitas. Elas incluem:

Informações que já foram publicadas em qualquer mídia livremente acessível. Normalmente, elas podem ser acessadas em uma biblioteca pública ou entre os arquivos da mídia em questão:

Notícias (jornais, revistas, TV, rádio, internet)

Publicações de interesse especial (sindicatos, partidos políticos, associações comerciais, etc.)

Publicações acadêmicas

Mídias de atores interessados (como os fóruns de usuários da internet, analistas financeiros, informativos ou revistas de sindicatos, grupos de protesto, etc.

Exemplos:

Notícias de falecimentos podem lhe auxiliar a encontrar membros da família de pessoas nas quais você está interessado(a).

Grupos de protestos podem estar rastreando legislações ou casos de julgamentos.

Os escritórios de partidos políticos podem lhe passar não apenas as publicações do partido, mas também informativos, folhetos e publicações independentes de membros do partido, etc.

Recortes de notícias podem servir como um quebra-gelo em entrevistas; o(a) repórter pode pedir à fonte para confirmar se uma informação nas histórias é precisa, e avançar a partir dela.

Bibliotecas educativas incluindo universidades públicas ou privadas, escolas de medicina (ou hospitais-escola), escolas de negócios, etc. Essas instituições frequentemente têm equipamentos mais atualizados e recursos mais profundos do que as bibliotecas públicas, incluindo bases de dados de notícias, como a Factiva ou a Lexis-Nexis, ou bases de dados da empresa, como a Dun & Bradstreet, juntamente com um pessoal altamente treinado.

Descubra como você pode (e se você pode) negociar o seu acesso

Exemplos:

Uma investigação sobre um boicote de consumidores, cuja companhia-alvo afirmava ter falhado, mas que na verdade prejudicou gravemente a sua capitalização no mercado, valeu-se de relatórios de analistas financeiros contidos em uma base de dados na biblioteca da escola de negócios da INSEAD.

Agências governamentais
geralmente produzem mais informações do que qualquer outra fonte, e isso é verdadeiro até mesmo em países que consideramos autoritários, ou onde as leis de acesso a informação inexistem. Você pode quase sempre obter mais informações delas do que imagina.

Alguns exemplos:

Relatórios de incidentes: As agências têm regras que devem seguir. Mas os funcionários cometem “erros”. As ocasiões quando tais erros ou lapsos requerem um relató- rio oficial serão especificadas no manual ou nos códigos legais da agência. Peça esses relatórios.

Relatórios de inspeção: Diversas agências, responsáveis por tudo desde restaurantes até pontes de rodovias, compilam relatórios sobre operações ou instalações. Encontre esses relatórios e os seus autores – especialmente se tiver ocorrido algum desastre. Se não houver um relatório, isso por si só já é uma história: Por que a agência não estava vigiando? Se ele existir, e se ele tiver previsto o desastre, então por que nada foi feito para preveni-lo?
Reclamações: O público reclama, e às vezes essas reclamações são justificadas. Quem são as pessoas que recebem as reclamações? Algo é feito por elas? O que?

Bibliotecas governamentais.

Os governos nos níveis nacional e municipal, bem como os parlamentos, geralmente têm as suas próprias bibliotecas e arquivos. Assim também acontece em muitos ministérios. O registro dos atos parlamentares e o diário oficial são dois registros geralmente mantidos nessas bibliotecas, mas existem outros.

Alguns exemplos:

Um repórter na Síria obteve relatórios que os serviços secretos se recusaram a lhe fornecer, por meio da Biblioteca Nacional.

Uma investigação sobre o lobby do álcool na França começou com uma viagem ao Parlamento para revisar registros de votações, e em seguida, no Jornal Oficial, com a leitura da atividade governamental, para revisar os dados sobre financiamentos de campanha. A hipótese era de que os representantes públicos que propuseram emendas às leis favorecendo o lobby do álcool tinham recebido doações de campanha de firmas de membros do lobby, e isso era verdade.

Cortes de justiça.
No mínimo, as cortes de justiça mantêm registros dos julgamentos. Em alguns países, como os Estados Unidos, elas disponibilizam registros abertos de todas as evidências apresentadas em um julgamento. Sempre busque qualquer e todos os documentos das cortes envolvendo os seus alvos em cada país onde eles atuarem. Os testemunhos nos julgamentos são geralmente protegidos
contra processos. Se você estiver presente em um julgamento, preste atenção e anote em detalhe os testemunhos, especialmente se não estiver presente um(a) estenógrafo(a) da corte.

Exemplo:
A clássica investigação de Ida Tarbell sobre o truste da Standard Oil baseou-se amplamente em registros de julgamentos a partir de processos envolvendo a companhia.
Escritórios de divulgação. A câmara de comércio local normalmente publica uma quantidade de materiais em sua região ou município, fornecendo informações sobre emprego, tipos de indústrias e negócios, etc.

Exemplo:
Em uma investigação sobre a morte de uma criança em um hospital, um folheto da Câmara de Comércio citou o nome de um grupo de cidadania que tinha dado entrada em um processo contra o hospital pelos seus procedimentos no berçário da maternidade. O processo resultou em um relatório governamental contendo informações essenciais sobre o hospital.

Cartórios
Esses escritórios e os gabinetes a eles relacionados reúnem informações sobre direitos de propriedade, e frequentemente sobre empréstimos ainda não pagos relacionados à propriedade.

Exemplo:
Na França, as informações sobre propriedades que pertencem a políticos têm sido usadas para mostrar que eles acumularam muito mais riqueza do que suas receitas publicamente declaradas poderiam explicar.

Relatórios e comunicados de de imprensa de empresas estatais. Os relatórios anuais, arquivos regulatórios e documentos semelhantes contêm uma grande quantidade de informações sobre as empresas. Assim também é no caso dos releases de imprensa, que tipicamente apresentam as linhas de raciocínio da companhia para suas ações estratégicas. Se a firma tem operações no exterior, os
seus arquivos fora do país podem conter mais informações que sejam mais fáceis de acessar do que os arquivos domésticos.

Exemplo:
Os relatórios anuais e registros regulatórios junto à Comissão de Valores Imobiliários dos EUA obtidos por um misterioso financista francês permitiram a reconstituição de uma carteira de obrigações adquirida em um contexto de disputa, valendo bilhões de dólares. Os registros regulatórios mencionavam os nomes dos associados com cadeiras nos colegiados executivos das companhias que
emitiram as obrigações.


Tribunais ou Juntas Comerciais. Em cada país, existe um escritório que mantém registros sobre quem possui empresas, independentemente de elas terem ações ou não. A quantidade de informações que os donos de firmas precisam divulgar pode variar, mas ela é normalmente maior do que poderiam esperar os repórteres que nunca usam esses recursos. Na França, por exemplo, as informações divulgadas incluem o número de funcionários, receitas, dívidas, lucros e suas margens, etc. Também são fornecidos os nomes dos seus diretores.

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