sábado, 5 de dezembro de 2015

A tragédia da lei Baby Doe: Uma investigação baseada em uma hipótese.

Consideremos um exemplo estendido de como uma investigação baseada em uma hipótese funciona. Ele começou quando nosso chefe nos pediu para investigar uma dica de um dos seus amigos. O amigo tinha dito: “Médicos estão matando bebês nascidos prematuramente, para impedir que eles cresçam com deficiências”. O chefe tinha deixado claro que se não chegássemos à histó- ria, perderíamos nosso emprego.

1. Isolar os termos, encontrar as fontes abertas. O que há de errado com essa história? Para começar, você realmente acredita que alguns médicos malucos, treinados para salvar vidas, teriam repentinamente se tornado assassinos de bebês? Alguma vez você já viu um médico usando um crachá que diz, “eu mato bebês como um serviço público”? Nós tampouco. Então onde é que eles poderiam ser encontrados, supondo que eles existem? Você ligaria para um hospital e perguntaria, “Existem alguns assassinos por aí?”

Nós tampouco. O que há de certo nessa história, entretanto, é que ela contém diversos termos que podemos verificar:

A coisa mais difícil de se verificar acima é como uma pessoa mataria um bebê em uma enfermaria de recém-nascidos (Não, você não pode simplesmente ligar para um hospital e perguntar: “Vocês têm matado algum bebê recentemente? Como?”). Portanto, vamos deixar essa possibilidade de lado. Ao invés disso, buscamos a especialidade médica correta, que nos permitiria examinar a literatura médica mais recente, e também buscamos estatísticas sobre nascimentos prematuros e deficiências. Todas essas informações estão livremente disponíveis na biblioteca local – o exemplo arquetípico de uma fonte aberta.

2. A primeira análise: A hipótese se sustenta? O próximo passo foi reunir um pouco os dados, para ver se eles apoiavam a nossa hipótese. Pelas estatísticas nacionais sobre peso de bebês ao nascer, a medida padrão de prematuridade, e estudos científicos que apresentam as taxas de deficiências entre essas crianças, descobrimos uma curva de tendências mais ou menos assim:

Número de bebês nascidos prematuros e com deficiências nos EUA, 1970-1995.

Em outras palavras, de 1970 a 1984, o número de bebês nascidos prematuramente teve uma forte diminuição. Como a prematuridade também está associada a deficiências, o número de crianças com deficiências também diminuiu. Porém, após 1984, os números aumentaram novamente, de maneira inexorável.

Dados como esses apoiam ou negam a nossa hipótese? Nem apoiam, nem negam. Esses dados não nos mostram que há assassinos de bebês soltos pelo mundo. Talvez o fato de que o número de crianças com deficiências e nascidas prematuras aumentou novamente após 1984 tenha inspirado alguns malucos a tentar deter a onda. Mas ainda não sabemos. Tampouco sabemos se esses malucos estavam em ação entre 1970 e 1984, e então decidiram parar antes de serem pegos. Tudo o que sabemos é que a partir de 1984, algo mudou.

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