Consideremos um exemplo estendido
de como uma investigação baseada em
uma hipótese funciona. Ele começou
quando nosso chefe nos pediu para investigar
uma dica de um dos seus amigos. O amigo
tinha dito: “Médicos estão matando bebês
nascidos prematuramente, para impedir que
eles cresçam com deficiências”. O chefe tinha
deixado claro que se não chegássemos à histó-
ria, perderíamos nosso emprego.
1. Isolar os termos, encontrar as fontes
abertas.
O que há de errado com essa história? Para
começar, você realmente acredita que alguns
médicos malucos, treinados para salvar vidas,
teriam repentinamente se tornado assassinos
de bebês? Alguma vez você já viu um médico
usando um crachá que diz, “eu mato bebês como
um serviço público”? Nós tampouco. Então onde
é que eles poderiam ser encontrados, supondo
que eles existem? Você ligaria para um hospital e
perguntaria, “Existem alguns assassinos por aí?”
Nós tampouco.
O que há de certo nessa história, entretanto, é
que ela contém diversos termos que podemos
verificar:
A coisa mais difícil de se verificar acima é como
uma pessoa mataria um bebê em uma enfermaria
de recém-nascidos (Não, você não pode simplesmente
ligar para um hospital e perguntar: “Vocês
têm matado algum bebê recentemente? Como?”).
Portanto, vamos deixar essa possibilidade de
lado. Ao invés disso, buscamos a especialidade
médica correta, que nos permitiria examinar a
literatura médica mais recente, e também buscamos
estatísticas sobre nascimentos prematuros e
deficiências. Todas essas informações estão livremente
disponíveis na biblioteca local – o exemplo
arquetípico de uma fonte aberta.
2. A primeira análise: A hipótese se
sustenta?
O próximo passo foi reunir um pouco os dados,
para ver se eles apoiavam a nossa hipótese.
Pelas estatísticas nacionais sobre peso de bebês
ao nascer, a medida padrão de prematuridade, e
estudos científicos que apresentam as taxas de
deficiências entre essas crianças, descobrimos
uma curva de tendências mais ou menos assim:
Número de bebês nascidos prematuros e com deficiências nos EUA, 1970-1995.
Em outras palavras, de 1970 a 1984, o número
de bebês nascidos prematuramente teve uma
forte diminuição. Como a prematuridade também
está associada a deficiências, o número de
crianças com deficiências também diminuiu.
Porém, após 1984, os números aumentaram
novamente, de maneira inexorável.
Dados como esses apoiam ou negam a nossa
hipótese? Nem apoiam, nem negam. Esses dados
não nos mostram que há assassinos de bebês
soltos pelo mundo. Talvez o fato de que o número
de crianças com deficiências e nascidas prematuras
aumentou novamente após 1984 tenha
inspirado alguns malucos a tentar deter a onda.
Mas ainda não sabemos. Tampouco sabemos se
esses malucos estavam em ação entre 1970 e
1984, e então decidiram parar antes de serem pegos. Tudo o que sabemos é que a partir de
1984, algo mudou.
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