Assim, faça a si mesmo(a) as seguintes perguntas quando você estiver avaliando se uma história vale ou não o trabalho que ela demandará de você:
Quantas pessoas serão afetadas? (Chamamos isso de “o tamanho da fera”.)
O quão poderosamente elas serão afetadas? (A qualidade importa tanto aqui quanto a quantidade. Se uma única pessoa morre, ou se a vida dela é arruinada, a história já é importante.)
Se elas forem afetadas positivamente, a causa poderia ser replicada em outros lugares?
Ou, essas pessoas são vítimas?
O seu sofrimento poderia ser evitado?
Podemos mostrar como?
Quem são os malfeitores que devem ser punidos?
Ou, pelo menos, denunciados?
É importante dizer, de alguma maneira, o que aconteceu, para que não aconteça novamente?
É assim que um de nós olha para a questão:
O mundo está cheio de sofrimento; boa parte desse sofrimento é inútil, e é o resultado de imoralidades e erros. O que quer que diminua o sofrimento, a crueldade e a estupidez vale a pena ser feito. Uma investigação pode contribuir com esse objetivo.
Procure fazer esse tipo de serviço primeiro, ao invés de simplesmente usar a oportunidade para avançar a sua carreira. Nunca se esqueça de que uma investigação é uma arma, e de que você pode machucar pessoas com ela – seja deliberadamente, ou pela sua própria falta de cuidado (vale sempre a pena lembrar que Woodward e Bernstein, famosos repórteres do escândalo Watergate, admitiram ter destruído as carreiras de diversas pessoas inocentes, juntamente com Richard Nixon). No decorrer da sua carreira, você será a melhor e a pior coisa que já aconteceu a algumas outras pessoas. Tenha cuidado em relação ao papel que você desempenha, e para quem, e por que. Tenha uma boa visão dos seus próprios motivos pessoais antes de investigar os outros. Se a história não é mais importante para os outros do que ela é para você, provavelmente você não deveria estar fazendo-a.
Ao longo de nossas carreiras, já realizamos centenas de investigações. Em cada uma delas, em algum momento, alguém chegou para nós e disse: “Por que você está fazendo todas essas perguntas? O que você irá fazer com essas informações? O que te dá esse direito?” Se não tivéssemos uma boa resposta para essas perguntas – e disséssemos “o público tem o direito de saber!” não seria uma boa resposta – a investigação estaria terminada. Normalmente dissemos algo mais ou menos assim: “O que está acontecendo aqui é importante para você e para os outros. Eu irei contar a história, e quero que ela seja verdadeira. Espero que você me auxilie”.
O que quer que você diga em um momento como esse, precisa ser algo em que você acredite, e precisa fazer sentido, qualquer que seja a pessoa a quem você está falando. As pessoas detestam jornalistas, e uma das razões para isso é que elas desconfiam dos nossos motivos. Esperamos que você também possa contribuir para mudar essa realidade.
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