Repórteres iniciantes se preocupam
muito com o que acontecerá caso
eles consigam ser bem-sucedidos com
uma história. Haverá alguém querendo se vingar?
Eles serão processados? Os repórteres
experientes sabem que os principais problemas
acontecem quando uma história fica mal
feita. É claro, eles podem ser processados, e
às vezes podem ser jogados na cadeia, estejam
eles certos ou errados. Mas – e isso é algo
menos visível à primeira vista – contar uma
história que não é verdadeira torna o mundo
um lugar mais triste e mais feio.
Portanto, por favor, lembre-se sempre disto: Se
você simplesmente tentar provar a qualquer
custo que uma hipótese é verdadeira, a despeito
das evidências contrárias, você se juntará às
fileiras dos mentirosos profissionais do mundo –
os tiras desonestos que condenam um inocente,
os políticos que vendem guerras como se fossem
sabonetes. O objetivo de uma investigação está
mais além de provar que você tem razão. O objetivo
é encontrar a verdade. Uma investigação
baseada em uma hipótese é uma ferramenta que
pode cavar um boa medida da verdade, mas ela
também pode cavar uma profunda cova para os
inocentes.
Especificamente, para tornar o mundo pior,
tudo o que você precisa fazer é deixar de lado
os fatos que refutam a sua hipótese. Ou você
pode ser descuidado(a) (os erros provavelmente
adicionam tanto à confusão e ao sofrimento
do mundo quanto as mentiras descaradas). De
qualquer forma, você torna o seu trabalho mais
fácil, e você permite que alguma outra pessoa
limpe uma sujeira. Diversas pessoas o fazem
a cada dia, mas essa atitude não se torna, por
isso, aceitável. Nossa teoria é a de que existem
muitos jornalistas no Inferno, e de que o mau
uso de hipóteses é uma das maneira pelas quais eles foram parar lá. Portanto, seja honesto(a) e
cuidadoso(a) sobre como você utiliza as hipóteses:
Procure refutá-las, tanto quanto prová-las.
Teremos mais a dizer a respeito dessa questão no
capítulo 7, “Controle de qualidade”.
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