sábado, 5 de dezembro de 2015

Use as hipóteses para gerenciar uma investigação

O trabalho de gerenciamento significa nada mais do que escolher alvos e garantir, por meio de uma constante supervisão, que esses alvos sejam alcançados. Ele é um procedimento padrão em cada organização bem administrada no mundo, com a exceção habitual do jornalismo. Uma vez que você tiver definido uma hipótese e obtido evidências de que ela parece válida, sugerimos que estabeleça os seguintes parâmetros para o projeto:

1. Produtos: Com que mínimo você pode se comprometer a apresentar, em termos de histórias prontas? E com que máximo?

Sugerimos que o mínimo seja uma única história original, baseada na hipótese inicial ou em uma hipótese diferente, descoberta por meio da verificação. Se a hipótese for suficientemente fértil, ela pode ser expandida para uma série, ou para uma narrativa de longa extensão. Não prometa mais do que você pode apresentar, e procure não aceitar menos do que o projeto merece.

2. Marcos do processo: Quanto tempo você precisará para consultar as primeiras fontes abertas? Quando você contatará e entrevistará fontes humanas? Quando você estará pronto(a) para começar a redigir a história, ou as histórias?

Sugerimos que o(a) repórter e seus colegas envolvidos façam uma revisão semanal dos avanços alcançados. A verificação da hipótese e a descoberta de novas informações são as primeiras questões em vista, mas também é importante estar consciente se o projeto está ou não em dia, em termos de tempo e de custos. Atrasos que ameaçam o futuro do projeto não devem ser tolerados. E pessoas que não cumprirem seus compromissos em dia devem ser dispensadas da equipe.

3. Custos e recompensas: Além do seu tempo, que quase sempre é valioso, pode haver custos com viagens, acomodações e de outros tipos. Quais são eles? Especifique de modo tão detalhado quanto puder.

Se um(a) repórter estiver trabalhando independentemente, ele ou ela precisa considerar se esses custos serão justificáveis em termos de receitas adicionais, novos conhecimentos e habilidades adquiridas, novos contatos, prestígio ou outras oportunidades. A organização deve considerar se os custos do projeto podem ser amortizados por meio de aumentos nas vendas, prestígio e reputação. Todos os envolvidos devem considerar se o projeto se justifica pela perspectiva de um serviço de utilidade pública. Todos esses parâmetros são formas de valor.

4. Promoção: A quem essa história interessará? Como será possível conscientizar esse público sobre a história? Isso envolverá custos adicionais (incluindo o seu tempo e o tempo dos outros)? Que benefícios podem ser alcançados para você ou a sua organização por meio desse investimento?

Não faz sentido algum investir em uma investigação que não é promovida pela mídia que a publicará. Ademais, a ação promocional diminui os riscos de contra-ataques pelos afetados, contanto que a investigação seja precisa, pois isso chama a atenção de potenciais aliados. A ação promocional pode ser tão simples quanto uma manchete, ou tão complexa quanto o uso de fóruns da internet para gerar o “burburinho”. Discutiremos essa questão em mais detalhes no Capítulo 8.

Pode acontecer um abuso desses processos. Por exemplo, um editor pode estipular alvos que não são realistas, com uma meta oculta de fazer com que um repórter fracasse. Mas quase sempre, é bastante valioso substituir prazos diários por alguma outra estrutura na qual as expectativas sejam cumpridas.

Quando tudo acontece de acordo com o esperado, a hipótese e a sua verificação servirão como marcos para o seu progresso, e como indicadores daquilo que precisa ser feito em seguida. É inteligente também pensar para além da história em si, considerando como ela será recebida pelo público. A sua hipótese, que apresenta a sua história em alguns poucos enunciados, é a ferramenta que permitirá que você seja do interesse dos outros.

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